O arquitecto Fernando Távora (1923-2006) reencontra no Japão a intensidade da história e o apelo para “chegar a soluções de eternidade.” A experiência da modularidade, o sentido profundo da cultura minimal, a arte do “espaço vazio”, a abstração e a livre flutuação, são alguns dos temas da contribuição japonesa para o desenvolvimento da arquitetura moderna.
Com o objectivo de analisar o diálogo entre a arquitetura japonesa e a portuguesa a partir do Diário da Viagem [escrito e desenhado por Fernando Távora na viagem ao Japão realizada em Maio 1960], a conferência, que resulta de uma viagem ao Japão realizada em 2024 com o apoio da Fundação Oriente através da concessão de uma bolsa de estudo de curta duração, organiza-se em duas partes:
A primeira percorrendo o caminho de Távora focado na arquitetura tradicional japonesa na relação com a metrópole moderna;
A segunda a partir da geração de arquitetos modernos japoneses, interpreta-se a forma de incorporar a tradição Yayoi na paisagem construída. Procura-se analisar os diferentes momentos históricos, refletir sobre o modo a paisagem é criada num equilíbrio entre o natural e o edificado e entender como o “grande encanto reside no todo casa-jardim” como Távora escreveu.
créditos da imagem: FIMS/FT/VJapão-0007
Arquitecta, crítica e historiadora de arquitetura, é Professora Catedrática no Instituto Superior Técnico - Universidade de Lisboa, onde é coordenadora da linha de investigação “Heritage” do CiTUA. É professora convidada na Universidade de Tóquio, École Polytechnique Fédérale de Lausanne, na Escuela Técnica Superior de Arquitectura da Universidad de Navarra, no Politécnico de Milão e na Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. Publicou e editou livros, artigos científicos, destacando-se recentemente a edição de Modern Heritage. Reuse, Renovation, Restoration (Birkhäuser, 2022) e a co-edição de African Modernism (Birkhäuser/Docomomo, 2024). Foi curadora de exposições designadamente participando na equipa da exposição comemorativa do centenário de Fernando Távora na Fundação Marques da Silva (2023) assumindo a curadoria temática das “Referências”. O seu campo de pesquisa é a história da arquitectura e do urbanismo modernos, com enfoque nas relações entre Europa, Ásia, Africa, América e nas transferências culturais estabelecidas. Depois do estudo sobre Portugal, evoluiu para uma estrutura internacional que abrange o significado global da cultura arquitectónica portuguesa, investigando o Brasil, a África de língua portuguesa, e a Ásia. Esse corpus de conhecimento foi ampliado graças ao trabalho desenvolvido durante o seu mandato como presidente do Docomomo International e editora do Docomomo Journal (https://docomomojournal.com), reforçando a relação com a Ásia através da criação dos grupos de trabalho na China, Macau, Indonésia, Vietnam, Singapura, Tailândia, Taiwan, Hong Kong e Coreia do Sul. Co-organizou as conferências Docomomo International da Coreia do Sul em Seoul, do Japão em Tóquio, editou com investigadores asiáticos os Journals High Density (2014), Modern Southeast Asia (2017), e Tropical Architecture in the Modern Diaspora (2020). Com Liu Kecheng, da Xi'an University of Architecture & Technology (China), coeditou Key Papers in Modern Architectural Heritage Conservation (2012) e colaborou no projecto de investigação da Japan Foundation mASEANa: Modern Asean Architecture (2015-2020), tendo sido keynote speaker nas conferências de Tóquio, Hanói, Jacarta, Bangkok e Manila. No Japão, foi investigadora do IIS da Universidade de Tóquio em 2017 e 2025. E tem sido chamada a dar pareceres, designadamente a favor da salvaguarda do Museum of Modern Art em Kamakura (Junzo Sakakura, 1951) ou da Kagawa Prefecture em Okayama (Kenzo Tange, 1958) e protagonizou o filme comemorativo dos 70 anos da International House of Japan, Three Architects (https://www.youtube.com/watch?v=KHrAHGXPkfQ), homenageando a obra de Kunio Maekawa, Junzo Sakakura e Junzo Yoshimura. Recebeu os Prémios da X Bienal Ibero-Americana de Urbanismo, Gulbenkian-APH e o Prix de la Critique et des Publications da Académie d’Architecture de Paris. Foi agraciada com a comenda da Ordem do Infante D. Henrique pelo seu trabalho em prol da arquitectura portuguesa e da sua divulgação em Portugal e no estrangeiro.
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