Exposição Temporária
ANA ARAGÃO. NO PLAN FOR JAPAN
Local
Galeria Sul - Piso 0
Datas
5 Novembro 2021 a 13 Fevereiro 2022
Nota
Bilhete de entrada dá acesso a todas as exposições patentes
Preço
€ 6 [descontos em vigor]
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No Plan for Japan é uma exposição desengonçada, com a falta de coerência que interrupções inesperadas, viagens canceladas e muitas mudanças de plano foram causando. Recorre-se mais à imaginação do que à memória na construção deste projecto composto principalmente por ensaios de arquitectura de papel — talvez ilustrações, decididamente desenhos.

O Japão, define Roland Barthes com exactidão, é um sistema de traços. O Japão é um lugar eminentemente gráfico, contudo ilegível. Um problema intransponível: como construir novas narrativas gráficas a partir do expoente máximo do gráfico? Muitas tentativas, todas lost in translation. Não se traduz aquilo que não se compreende e quem lá foi sabe que o Japão não é um conjunto de ilhas, é outro planeta.

No Plan for Japan é composta por seis colecções:

Blind Dates: encontros insólitos dão origem a megaestruturas que deliraram depois de engolirem a cidade. Sem contexto, são uma espécie de contentores de tudo — welcome to non-sense.

Forever Lost: espécie de teoria sobre as relações, a fragilidade, a complexidade, a transitoriedade, a imperfeição, a fugacidade, a durabilidade e outros conceitos não listáveis.    

Fictions: casas voadoras, estruturas instáveis, kurofunes impossíveis, cidades de bambu, edifícios origami e outras ficções que passaram diante da folha de papel. Quem as fixou aplicou filtros, duplicando a imagem. Há sempre pelo menos duas versões da mesma história.

Kanji: o preto sobre o branco em traços tão rigorosamente dispostos quanto aleatórios. Pequenas fantasias e Tóquio invadida por enigmáticos Kanji gigantes. Could happen.

The Metabolic Ones: narrativas distópicas que reinventam a Nakagin Capsule Tower (Kurokawa, 1972) e o Centro de Imprensa e Difusão Shizuoka (Tange, 1967). O Metabolismo Japonês foi certamente o mais genial desfecho do Movimento Moderno, contudo é sempre a Cidade que triunfa sobre os Movimentos.

Obi: uma sequência acerca da impossibilidade da repetição: unidades com anterioridade dividem temporariamente o infinito. Não importa se estamos perante planos urbanos, dentro de um game center ou apenas perante padrões. Assume-se a polissemia.

No Plan for Japan é composta por seis colecções e alguns desvios, coisas encontradas e logo perdidas, como as gémeas de “Kyoto”. Conseguir planear tudo ao pormenor seria de facto japonês. Este olhar é de alguém que perdeu a viagem e ficou no aeroporto à espera, até à data de regresso, a desenhar traços como quem conta o tempo. O esforço não foi encontrar o Japão, tarefa falhada à partida, mas antes não o perder para sempre. Como a frase mais comovente de "Tokyo Story": If we got lost, we’d never find each other again.

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Ana Aragão

(Porto, 1984) formou-se em Arquitectura na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP, 2009). Bolseira da FCT, frequentou o Doutoramento no Departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra (2011-2014, não concluído). Com atelier no Porto desde 2012, dedica-se exclusivamente ao desenho, explorando temáticas ligadas à cidade através dos seus ensaios de “arquitectura de papel”.


Alguns dos seus projectos recentes incluem a participação na Representação Portuguesa de arquitectura na Bienal de Veneza de 2014 (Homeland) e 2021 (Pavilhão Italiano, “Visions from 2050”), o destaque da Lüerzer's Archive na publicação 200 Best Illustrators Worldwilde (2014).


Das suas exposições individuais recentes destacam-se os projectos FUTURE FRAMES (Jofebar, 2016), Como decorar um poema (Fundação Altice, Porto, 2018), Vertical Reclamation of Individual Spaces (residência artística e exposição na Fundação do Oriente, Macau, 2019), S.M.L.XL (Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa, 2019), Galeria X (Reitoria da Universidade do Porto, 2020, Porto).


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